Ativistas do Greenpeace abrem banner com a mensagem "A Falta de água começa aqui" em área recém-desmatada na Amazônia. Foto: © Marizilda Cruppe/Greenpeace
Ativistas do Greenpeace abrem banner com a mensagem “A Falta de água começa aqui” em área recém-desmatada na Amazônia. Foto: © Marizilda Cruppe/Greenpeace

Em área recém-desmatada na Amazônia, Greenpeace destaca importância de proteger as florestas para garantir água e qualidade de vida para as pessoas
O Greenpeace protestou nesta quinta-feira (9) pelo fim do desmatamento em uma área recém-destruída no sul de Roraima (ver mapa abaixo). Pelo menos 4 mil hectares foram desmatados no Estado nos últimos seis meses. Enquanto a floresta cai, o sudeste do Brasil passa pelo mais grave colapso hídrico da história, com os reservatórios registrando níveis muito abaixo da média para a estação chuvosa. A mensagem “A falta de água começa aqui”, colocada em uma área do tamanho de 504 campos de futebol de mata queimada e destruída, é uma lembrança importante de que as florestas são fundamentais para assegurar o equilíbrio do clima e parte vital do ciclo da água. Sem floresta não tem água.
Em expedições de monitoramento da paisagem a partir da análise de alertas do desmatamento do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento) do Imazon, o Greenpeace comprovou a derrubada de grandes extensões de floresta na região da BR-174, que liga Manaus, no Amazonas, a Boa Vista, em Roraima, além de queimadas e muita extração de madeira. A retirada de madeira costumar ser o primeiro passo no ciclo de destruição da floresta. Geralmente, o que acontece depois é a remoção da mata por completo para abrir espaço para outras atividades econômicas, como pecuária e soja.
A situação em Roraima é tão caótica que chega a ser pitoresca. Investigações da Polícia Federal revelaram um esquema criminoso de exploração de madeira envolvendo empresas, proprietários rurais, servidores públicos e engenheiros florestais. Entre as principais irregularidades estão fraudes no sistema de controle e transporte irregular de madeira – como um caminhão que consegue transportar madeira para duas áreas diferentes ao mesmo tempo ou uma super motocicleta de 250 cilindradas capaz de transportar 41 metros cúbicos de madeira – o equivalente a 41 caixas d’água de mil litros cheias!
A região palco do protesto é mais um exemplo das irregularidades que se multiplicam pela Amazônia.
A região palco do protesto é mais um exemplo das irregularidades que se multiplicam pela Amazônia.

Uma das empresas investigadas, a RR Madeiras, tem forte atuação na região e apresenta um longo histórico de irregularidades ambientais. A empresa já foi multada pelo IBAMA em R$ 1,3 milhão por exploração e transporte ilegal de madeira. A RR Madeiras teve suas operações suspensas duas vezes – em 2012 e 2014. Seu proprietário, José Dalmo Zani, foi preso em 2012 durante a operação Salmo 96:12 da Polícia Federal por participar de uma “vasta rede criminosa envolvendo atividades de extração, comércio e transporte de produtos florestais”.
O Greenpeace protocolou hoje uma denúncia no Ministério Público Federal de Roraima e no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para que os desmatamentos e planos de manejo aprovados pela Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (FEMARH) sejam auditados.
Precisamos acabar com o desmatamento
Cerca de 19% da floresta amazônica foram destruídos nos últimos 40 anos. Os impactos do desmatamento já podem ser sentidos para muito além das fronteiras da floresta. Mais e mais estudos apontam para a relação entre floresta e a produção de chuva. Só a Amazônia transpira, diariamente, 20 bilhões de toneladas de vapor de água para a atmosfera – volume superior à vazão do rio Amazonas. Toda essa umidade forma os “rios voadores” que são levados, com o vento, para outras regiões do País, irrigando plantações e enchendo reservatórios de água. Ao desmatar a Amazônia, interferimos de forma extremamente negativa no ciclo da água.
“Eventos extremos, como episódios de seca – muito parecidos com a crise enfrentada pelo Sudeste – se tornarão cada vez mais frequentes e mais intensos com as mudanças do clima. Manter a floresta em pé é o nosso passaporte para o futuro, um estoque de fichas para amenizar os efeitos severos das mudanças climáticas”, diz Cristiane Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Ao proteger as florestas, garantimos qualidade de vida. Com floresta, tem água, tem comida, tem clima ameno”.
O protesto realizado faz parte da campanha do Greenpeace pelo fim do desmatamento no Brasil. Lançado em 2012, o projeto de lei de iniciativa popular pelo Desmatamento Zero já conta com o apoio de mais de 1,1 milhão de brasileiros. Mas para ser entregue e discutida pelo Congresso Nacional, a proposta precisa de pelo menos 1,43 milhão de assinaturas. A proteção efetiva das florestas passa por ações de governos, empresas e pelo engajamento ativo da sociedade civil. Faça parte do movimento nacional para salvar as florestas brasileiras. (Greenpeace Brasil/ #Envolverde)
Assine pelo Desmatamento Zero.
* Publicado originalmente no site Greenpeace Brasil.
(Greenpeace Brasil)