Universo Energético
COP21: mudanças climáticas e impactos na economia, artigo de Ricardo Zibas
[EcoDebate] Nas últimas décadas, os avisos da natureza começaram a apontar uma maior necessidade da sociedade em dar atenção a questões relacionadas às mudanças climáticas no planeta. Com este pano de fundo, as Nações Unidas organizam uma reunião anual com as principais autoridades governamentais de diversos países para discutir sobre como devemos lidar com as mudanças climáticas, que apresentam consequências aparentemente cada vez mais drásticas, tais como secas prolongadas, tempestades, derretimento dos polos e aumento do nível dos oceanos.
A próxima Conference of the Parties (COP), em sua 21ª edição, marcada para acontecer entre 30 de novembro até o dia 11 de dezembro deste ano, em Paris, será uma das mais importantes já realizadas. As chances de sucesso agora são mais altas, já que todos os países signatários da ‘Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima’ (United Nations Framework Convention on Climate Change – UNFCCC) antecipadamente concordaram em assinar um tratado vinculante até 2015, para reduzir suas emissões de gases causadores de efeito estufa.
O que favorece essa convicção positiva são os novos posicionamentos do mercado quanto ao tema. Uma delas foi a modificação nos cenários políticos dos dois maiores emissores de gases de efeito estufa no mundo, Estados Unidos e China, os quais flexibilizaram as negociações e no ano passado anunciaram que irão cortar suas emissões de gases até 2025 e 2030, respectivamente. Além disso, houve uma drástica redução nos custos das tecnologias capazes de diminuir tais emissões ao meio ambiente, isso em razão do aumento de projetos de energia renováveis disponíveis e pela maior facilidade em financiar a aquisição desses recursos – como é o caso dos títulos verdes (green bonds) e do financiamento coletivo (crowdfunding).
A grande questão, aqui, é de que maneira os novos comprometimentos, com os quais as nações estão dispondo-se no decorrer dos próximos anos, afetarão as empresas e a economia. Há previsão de que as atividades intensivas na emissão de carbono (como, por exemplo, as que geram energia a partir da queima de derivados de petróleo) se tornarão mais caras e as organizações terão de lidar com regulamentações mais rigorosas, preços de carbono menos acessíveis e metas de corte de emissões de gases mais rígidas.
Contudo, os efeitos da mudança do clima obrigarão as empresas a estabelecerem um plano de resiliência para lidar e adaptar as atividades em detrimento dos impactos, como escassez de água, clima extremo, migrações populacionais e instabilidade social. Na contramão disso, no entanto, vantagens surgirão, como, obviamente, a de tornar-se uma empresa de emissões reduzidas de poluentes; e oportunidades também estarão em vista, criadas pelo crescimento da economia sustentável embasada em energias renováveis.
Apesar de rigorosas consequências que já afetam o meio ambiente, medidas urgentes são necessárias para lidar agora com essa questão, e os governos em todo o mundo, com o auxílio das empresas e da sociedade civil, precisarão trabalhar para dissociar as emissões de gases de efeito estufa do crescimento econômico e direcionar o mundo para uma economia de baixo carbono.
Nesse sentido, o caminho para uma atividade perene e sustentável é que as organizações e seus administradores apliquem tempo e experiência para o aprimoramento no desenvolvimento ambiental e social das empresas; isso inclui tornar permanente a mensuração e a redução das emissões de carbono, bem como a preparação e divulgação de informações transparentes e confiáveis sobre tais emissões, apresentando à sociedade e ao mercado a contribuição da empresa na minimização dos efeitos das mudanças climáticas.
* Ricardo Zibas é sócio-diretor responsável pela prática de sustentabilidade da KPMG no Brasil e América Latina.
in EcoDebate, 11/11/2015
"COP21: mudanças climáticas e impactos na economia, artigo de Ricardo Zibas," in Portal EcoDebate, 11/11/2015, http://www.ecodebate.com.br/2015/11/11/cop21-mudancas-climaticas-e-impactos-na-economia-artigo-de-ricardo-zibas/.
-
Fundo Clima Investiu R$ 7,6 Milhões Em 2015
Foto: ShutterstockValor se refere aos recursos não-reembolsáveis, administrados pelo Ministério do Meio Ambiente. Desde 2011 foram apoiados 190 projetos. Por Lucas Tolentino, do MMA – Mais de R$ 7,6 milhões foram investidos em medidas de...
-
Ecodebate - Edição 2.415 De 11/ Novembro / 2015
Pobreza extrema global estimada em menos de 10% em 2015, artigo de José Eustáquio Diniz AlvesAgrossilvicultura, artigo de Roberto NaimePEC 215: a quem interessa sua aprovação? artigo de Sucena Shkrada ReskCOP21: mudanças climáticas e impactos na...
-
Japão Vai Propor Corte De 20% Das Emissões De Gases Até 2030
por Redação da Agência Lusa O governo japonês deverá propor uma redução de 20% das emissões de gases de efeito estufa no período que começou em 2013 e vai até 2030, no âmbito do acordo internacional a ser firmado em Paris no fim do ano, informa...
-
São Paulo Fracassa Nas Políticas Climáticas
por Fernando Beltrame* Aprovada em 2009 pela Câmara Municipal, ainda na gestão Gilberto Kassab, as medidas previstas na Lei de Mudanças Climáticas (Lei 14.933, de 5 de junho de 2009) ainda não saíram do papel. Em vez de uma redução de 30% na...
-
Meta De Limitar Aquecimento Global A 2°c Está Cada Vez Mais Distante
As possibilidades de limitar o aquecimento global a 2º graus Celsius (°C) estão diminuindo rapidamente, alerta relatório das Nações Unidas divulgado ontem (5), a seis dias do início da 19ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da Organização...
Universo Energético