Foto: Fernando Manoel
Espaço patrocinado pelo banco Bradesco visa discutir Educação e Tecnologia. Primeiro painel avaliou quem paga a conta do endividamento excessivo no Brasil.Um encontro corajoso avaliou o nível de endividamento, os altos juros praticados no Brasil e os riscos que isto traz para o país. Tomás Carmona, da Serasa Experian, Vera Rita Ferreira, psicanalista e professora da Fipecafi, Fábio Moraes, da Febraban, Ladislau Dowbor, professor da PUC-SP, Reinaldo Domingos, da DSOP Educação Financeira e a jornalista Mara Luquet falaram em um dos painéis desta primeira tarde da Conferência Ethos 2013. O consenso entre os debatedores foi a urgência de uma ampla educação financeira, tanto para empresas e banqueiros, quanto para consumidores, de modo a formar um sistema mais justo, equilibrado e sustentável no longo prazo.
“Dinheiro é tão importante pra gente, mas não temos aula sobre isto. As distorções do sistema hoje são enormes e não estimulam o fomento, mas o ganho sobre capital parado”, alertou o professor Ladislau. “Somos programados para não pensar. Temos uma herança cultural de só enxergar o curto prazo e ceder ao impulso. Isso, junto com limitações para entender o complexo sistema financeiro, deixa o consumidor em desvantagem”, completou a professora Vera. “Este ano, tivemos um recorde de 12,5 milhões de brasileiros que saíram do cadastro negativo da Serasa. Mas, em contrapartida, 16 milhões entraram. Precisamos investir em transformar comportamentos”, afirmou Tomás Carmona.
“Educação financeira é fruto da educação corporativa. É preciso questionar as práticas de negócios. Esta é uma cruzada de duas mãos: tanto bancos quanto consumidores precisam rever suas crenças e valores, a luz do curto, médio e longo prazo”, declarou Fábio Moraes, diretor do Instituto Febraban de Educação, que oferece o programa gratuito “Meu Bolso em Dia”, para ensinar como lidar com o dinheiro de forma sadia. “Programas como este da Febraban são excelentes. Temos uma ideia, errônea, de que brasileiro é mau pagador. A realidade é o contrário. Brasileiro gosta de pagar em dia e só não o faz, quando não tem”, acrescentou a jornalista e moderadora Mara Luquet. “Embora só ele não seja suficiente para a transformação macro necessária, em vista do custo do dinheiro no Brasil”, completou a profissional.
“Educação financeira é comportamental. Seu objetivo é trocar o consumo impulsivo pelo sonhar, planejar e realizar. Se focarmos, de início, em formar duas frentes bem esclarecidas — professores nas escolas e os RHs das empresas –, podemos construir a sustentabilidade financeira no país”, disse Reinaldo Domingos, da Editora DSOP. “Precisamos de um novo contrato de como gira o dinheiro. Formas melhores de funcionar já existem, como as cooperativas e agências locais de fomento”, sugeriu Dowbor.
* Publicado originalmente no site Conferência Ethos 2013. (Envolverde)
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