(da Redação da ANDA)
Entre outros comportamentos, fêmeas de uma espécie foram vistas atuando como babás de filhotes da outra. Foto: Shutterstock
Um novo estudo revela que duas espécies de golfinhos nas Bahamas desenvolveram uma forte aliança. Pesquisadores avistaram golfinhos manchados atlânticos e nariz-de-garrafa que permaneciam juntos enquanto brincavam, buscavam alimentos, e reuniam-se para se defender de intrusos. Eles viram até mesmo adultos de uma espécie cuidando de filhotes da outra. As informações são da Mother Nature Network.
Este não é o único exemplo de golfinhos interagindo entre espécies, mas é o de dinâmica mais complexa conhecido pela ciência. Além dos primatas, não há muitos mamíferos que tenham sido estudados de perto cooperando com outras espécies de mamíferos até então. Dezenas de golfinhos e baleias têm sido vistos em grupos de espécies misturadas, apesar de estes avistamentos serem frequentemente raros e de curta duração, produzindo apenas descrições superficiais.
Os golfinhos manchados e nariz-de-garrafa, no entanto, vêm sendo estudados nos últimos 30 anos pelo Wild Dolphin Project, da Flórida. E graças ao novo artigo publicado por esses pesquisadores no jornalMarine Mammal Science, agora existe o registro de conhecimentos sem precedentes sobre a complexa relação firmada pelas duas espécies.
“O que é único no nosso estudo é que nós pudemos realmente observá-los debaixo da água, e assim sabemos quais comportamentos eles estão tendo juntos de fato”, disse Denize Herzing, coautora do estudo e fundadora do Wild Dolphin Project. “Eles viajam juntos, socializam juntos, formam alianças específicas entre eles quando se sentem ameaçados, e atuam como babás dos filhote dos outros”.
Os golfinhos manchados parecem passar cerca de 15% do seu tempo com os nariz-de-garrafa, e aproximadamente dois terços destas interações são cooperativas. Os machos de cada espécie foram vistos se unindo para afastar um intruso, por exemplo, e fêmeas de golfinhos manchados foram testemunhadas cuidando de bebês de golfinhos nariz-de-garrafa quando estão em grupos mistos.
As motivações por trás dessa convivência ainda são desconhecidas, mas Herzing e a coautora Cindy Elliser, da Pacific Mammal Research, afirmam que é algo consistente demais para ser um mero acaso. As duas espécies parecem estar fazendo o mesmo tipo de coisas que humanos e outros primatas fazem para manter alianças de amizade. E isso pode dar às espécies uma vantagem evolutiva.
“As interações provavelmente evoluíram para permitir que as espécies compartilhassem espaço e recursos, e mantivessem uma comunidade estável”, disse Elliser à New Scientist. Elas também aumentam a segurança, acrescentou Herzing. “É melhor conhecer a sua vizinhança quando se está em perigo”.
Esse nível de colaboração oferece evidências adicionais da complexa vida social dos golfinhos, como as vistas em outros comportamentos, como chamar uns aos outros pelo nome e usar a diplomacia para neutralizar lutas.
Por fim, Elliser conclui que tal comportamento pode ser especialmente útil, conforme as alterações climáticas obrigam as espécies a saírem de seus habitats e a compartilharem o espaço. “Tipos deinterações dessa natureza em animais sociais tendem a se tornar mais comuns“, diz ela.
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