Créditos de: Fimdostempos.net
FRED PEARCE
da New Scientist
O cientista do clima Phil Jones, afastado da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, respondeu na segunda-feira (1º) a críticos, durante perguntas de um comitê parlamentar britânico.
Em 30 minutos de interrogatório tenso, feito pelo comitê de ciência e tecnologia da Casa dos Comuns, ele negou que os milhares de e-mails da sua unidade, publicados na internet há três meses, mostrassem que ele e seus colegas fizessem qualquer coisa além da “prática corrente”.
A pesquisa de Jones envolve uma análise global dos registros de temperatura ao longo dos últimos 160 anos, que são cruciais para detectar a influência humana no clima. As perguntas se concentraram em se ele e seus colegas compartilharam dados e métodos científicos suficientemente para seus críticos replicarem ou contestarem suas descobertas.
Jones admitiu que ele não costumava publicar dados brutos de estações meteorológicas, que frequentemente eram cobertos por acordos de confidencialidade, tampouco os códigos de computadores que ele usou para analisar os dados. “Isto não é prática comum. Talvez devesse ser, mas não é”, disse.
“Eles nunca pediram”
Perguntados se outros cientistas do clima revisaram seus trabalhos para verificar os dados, ele disse: “Eles nunca pediram”. Em resposta a uma questão específica sobre por que ele não havia conseguido a concessão de pesquisador freelancer a Warwick Hughes para acessar os dados, ele disse simplesmente que “tivemos muito trabalho e recursos amarrados ali”.
Jones também negou tentar fazer com que os trabalhos científicos de críticos seus saíssem de revistas. “Eu escrevi alguns e-mails horríveis”, ele disse. E completou: “Não acho que haja nada que sustente a visão de que eu tenha tentando perverter o processo de revisão [de trabalhos a serem publicados]“.
Ele insistiu que ele e seus colegas da Unidade de Pesquisa Climática tem respondido de forma apropriada a todos os pedidos de livre informação, apesar de ocorrer um aumento da procura da parte de críticos, no ano passado.
“Recusa de cumprir”
Nem todos, contudo, concordaram que Jones tenha sido tão aberto com os dados e metodologia quanto ele diz ter sido.
Nigel Lawson, chanceler do Tesouro no governo de Margaret Thatcher e autor de um livro cético quanto à relação do homem com a mudança climática, havia dito, mais cedo, para o comitê, que “cientistas com integridade desejam revelar todos os seus dados e seus métodos. Eles não precisam de pedidos de informação aberta ou forçá-los a isso.”
E as provas escritas apresentadas à comissão pelo Instituto de Física, em Londres, reivindicaram os e-mails roubados tinham revelado “prova fundamental de recusas determinadas e coordenadas para dar cumprimento à honrosa tradição científica” por meio da “manipulação da publicação e sistema de revisão” e “intolerância ao desafio”.
A comissão deverá produzir um breve relatório sobre o caso de e-mails antes da eleição geral, cujo provável início será no começo de maio. Seu inquérito é um dos cinco inquéritos separados para o caso dos e-mails roubados da Universidade de East Anglia.
Fonte:Folha on line