Cão Bradock recuperou o movimento das patas
traseiras. (Foto: Divulgação/ Ascom UFRA)
A Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), em Belém, em parceria com o Instituto Evandro Chagas, desenvolve uma pesquisa que utiliza células-tronco para ajudar na recuperação de movimentos de cães vítimas de fraturas na medula espinhal ou de vírus que paralisam os membros. Um dos cachorros que fazem parte da pesquisa recuperou os movimentos das patas traseiras em pouco tempo. O tratamento ainda está em fase experimental e ainda não está disponível para a comunidade.
“Ele conseguiu levantar, andar e quer até correr”, conta a fisioterapeuta Silvia Gatti sobre a atual situação de seu cão Bradock, um vira-lata de seis anos. Um vídeo publicado pela UFRA mostra a melhora do cão. Há três anos o animal contraiu o vírus da cinomose e teve uma série de complicações decorrentes da doença, o que limitou seus movimentos.
Nos dois últimos meses, a situação de Bradock mudou. O cão recuperou os movimentos, um resultado que surpreendeu os médicos veterinários e os tutores do animal. “Nos indicaram até que optássemos pela morte induzida do animal. Meu marido não se conformou e mudou de médico. Foi quando ficamos sabendo da pesquisa da UFRA. O Bradock andava se arrastando pela casa, e na primeira semana de aplicação já apresentou reações nas patas traseiras, contrações e vários sinais de melhora, que fomos percebendo ao longo dos dias”, diz Silvia.
Pesquisa
O trabalho é desenvolvido por uma equipe formada por três cirurgiões, dois anestesistas, um radiologista, um clínico geral, alunos da graduação e pós-graduação da UFRA e a equipe do Laboratório de Citogenética e Cultivo Celular do Instituto Evandro Chagas. A pesquisa é coordenada pela médica veterinária Érika Branco, doutora em Ciências, que trabalha com células-tronco desde 2004. O objetivo é conseguir resultados eficazes para que no futuro o tratamento seja oferecido de forma gratuita para a população.
“Estamos trabalhando em dois projetos: um busca recuperar o movimento de cães que sofreram trauma medular, principalmente após atropelamento ou maus-tratos, sofrendo fratura da coluna, com secção total ou parcial da medula espinhal; o outro é com animais com sequelas neurológicas após terem contraído o vírus da cinomose, ocasionando, assim, paralisia dos membros”, explica a pesquisadora.
Na pesquisa, é retirado um fragmento de gordura próprio animal, o que elimina os riscos de rejeição. É o Instituto Evandro Chagas que cede o espaço do Laboratório de Citogenética e Cultivo de Células para que os pesquisadores realizem a conversão do tecido da gordura em células-tronco, que apresentam capacidade de autorrenovação e diferenciação em múltiplos tipos de células-órgão específicas.
Mas, apesar dos resultados positivos, a veterinária alerta sobre a necessidade de muita pesquisa, estudo e experimentação para que os resultados se confirmem. “O que nos preocupa é o comércio irresponsável que está ocorrendo no mercado, com células-tronco sendo vendidas por R$ 2 mil por aplicação e ainda sem eficácia comprovada, já que tudo ainda é muito experimental e falta literatura científica sobre esse assunto”, diz a pesquisadora.
Fonte: G1
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