A amostra abrangeu árvores de idades entre 3 a 11 anos. Foto: Glauco Umbelino/Flickr
Estudo realizado pelo Instituto Totum e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, estima que cada árvore da Mata Atlântica absorve 163,14 kg de gás carbônico (CO2) equivalente ao longo de seus primeiros 20 anos.
O gás carbônico em excesso no ar é prejudicial, sendo uma das substâncias responsáveis por mudanças no clima. O estudo foi feito com base em análises de amostras do plantio de árvores nativas dos projetos Clickarvore e Florestas do Futuro, programas de restauração florestal da Fundação SOS Mata Atlântica.
Para fazer a estimativa, foi considerado um plantio médio de 1.667 mudas por hectare. A amostra abrangeu árvores de idades entre 3 a 11 anos, sendo projetada uma expectativa para a idade de 20 anos. “Esta é a segunda etapa do monitoramento dos plantios. Iniciamos o acompanhamento em 2007 somente em quatro áreas do projeto Clickárvore as quais remedimos no ano passado, além de incluir mais quatro áreas do projeto Florestas do Futuro. Isso nos permitiu ajustar a curva de crescimento construída anteriormente, que na época apontava valor de 250kg de CO2e em 20 anos. Para chegar ao resultado da projeção, consideramos idades e espécies de árvores diferentes, no bioma, clima e diversidade da Mata Atlântica”, informa Fernando Lopes, diretor do Instituto Totum.
O estudo também estimou o sequestro de gás carbônico desde o início da implantação dos programas. Ao longo de 11 anos (de 2000 a 2011), o plantio de 23.354.266 árvores do Clickárvore retirou da atmosfera em torno de 1,05 milhão de toneladas de gás carbônico equivalente, ou seja, 7,27 kg de CO2 e por árvore plantada por ano. Já as 3.842.426 árvores do Florestas do Futuro sequestraram 194, 23 mil toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde à remoção anual de 10,11 kg de CO2e por árvore, de 2003 a 2011. As diferenças de absorção de CO2e entre as áreas ocorrem devido a fatores diferentes, como espécie, clima e solo, que impactam o desenvolvimento das árvores em cada local avaliado.
Para assegurar a restauração de uma área degradada com essências nativas, o plantio deve seguir normas, como selecionar espécies adequadas para a região, averiguar a qualidade de sementes e de mudas, preparar o solo para o plantio e cuidar da manutenção da área. Se as normas forem seguidas, os reflorestamentos serão mais eficientes na remoção de gases do efeito estufa da atmosfera, com reconhecimento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC).
A análise de ambos os programas de reflorestamento avaliou oito plantios nas regiões de Penápolis, Valparaíso, Ibaté, Andradina, Salesópolis, Itatiba e Itu, em São Paulo; e uma região no estado do Rio de Janeiro, em Pinheiral. Foram medidas e identificadas 2.496 árvores, de 128 espécies. Para o cálculo de biomassa e do carbono, o relatório considerou as árvores com Diâmetro à Altura do Peito (DAP) igual ou superior a cinco centímetros.
Segundo Rafael Bitante, Coordenador de Restauração Florestal da SOS Mata Atlântica, o aquecimento global há alguns anos vem sendo pauta nos noticiários e a cada dia, o reflexo desse fenômeno é sentido de maneira mais frequente pela vida na Terra. Diante deste cenário, cada vez mais empresas e pessoas procuram compensar as emissões de CO2, apontado como um dos principais gases causadores do efeito estufa (GEE). “A parceria com o Instituto Totum e a Esalq são fundamentais para contribuir à ciência e subsidiar esforços na mitigação destes efeitos unindo a experiência da Fundação SOS Mata Atlântica na execução de projetos de restauração florestal para compensação ambiental”, destaca.
* Publicado originalmente no site CicloVivo.
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