Em vez de calcular a pegada de carbono, a nova medida recolhe todos os recursos naturais reais que um país usa. Foto: PAC 2
Você deve estar se perguntando o que são as pegadas de materiais. A resposta é simples: em vez de calcular a pegada de carbono, esta nova medida recolhe todos os recursos naturais reais que um país usa – mesmo os importados. Um estudo recente de duas universidades australianas analisou esses quesitos. O resultado? Os países ricos, que pareciam estar diminuindo seu impacto ambiental continuam com saldo ruim, como é de costume.
A pesquisa realizada por pesquisadores das universidades de New South Wales (UNSW) e de Sydney calcula a Pegada de Materiais a partir de dados de 186 países. As descobertas foram publicadas na revista
Proceedings of National Academy of Sciences.
Segundo os responsáveis pelo estudo, todos os bens reais foram analisados, incluindo os materiais que tornam um produto acabado, como minérios, metais e combustíveis fósseis. “É muito parecido com uma pegada de carbono, possui o mesmo princípio”, reafirma o principal autor da pesquisa, Tommy Wiedmann, ao site
Fast.Co Exist.
Tendência pessimistaOutro dado importante presente no estudo é o fato de que todos os países industrializados mostram o mesmo padrão: como o PIB cresceu nas últimas décadas, a sua pegada de materiais naturais cresceu em paralelo. Um indicador comum que olha apenas para “consumo interno de materiais” é uma forma antiga e incorreta de analisar o caso. Para essa realidade, os pesquisadores escreveram:
“À medida em que a riqueza cresce, os países tendem a reduzir sua porção interna da extração de materiais por meio do comércio internacional. Em contra-partida, a massa total de consumo de material geralmente aumenta. A cada aumento de 10% no PIB, a média do material nacional aumenta em 6%. Nossos resultados põem em causa o uso exclusivo de indicadores de produtividade de recursos atuais na formulação de políticas.”
E a tendência é piorar: “Houve algumas projeções de como o crescimento econômico vai se desenvolver em alguns países asiáticos”, explicou Wiedman. “Algumas estimativas grosseiras têm sugerido que, se continuarmos no caminho que nós estamos, em 2050 vamos utilizar até quatro vezes mais [recursos naturais] do que atualmente.”
Na práticaO Japão, por exemplo, que exporta uma quantidade significante de carros para os Estados Unidos, teve os indicadores de consumo existentes em termos de estatísticas do comércio. A conclusão foi que os EUA consomem uma determinada tonelagem de carros por ano, porém, o montante usado nos processos de produção dos automóveis necessita de minério de ferro para produzir o aço utilizado. “Talvez você tem uma tonelada de aço para mil toneladas de minério de ferro, e a quantidade desse material, na verdade, não seja registrada nas estatísticas de comércio”, explica Wiedmann.
Já a China registra o maior índice de utilização de matéria prima – duas vezes maios que a dos EUA. Grande parte do consumo de recursos chinês está ligada a materiais de construção. Mas se levar em conta o tamanho da população, a Austrália tem a maior pegada de material nesse quesito. Lá, as estimativas chegam a 35 toneladas por pessoa – mais do que o dobro da média desenvolvida em outras nações do mundo. Na Índia esses números são extremamente inferiores (3,7 toneladas por pessoa).
Ranking dos dez primeiros países com maior pegada de materiais do mundo:1. China
2. Estados Unidos
3. Índia
4. Japão
5. Brasil6. Alemanha
7. Reino Unido
8. França
9. Itália
10. México
* Publicado originalmente no site EcoD. (EcoD)
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