Estudo lançado quarta-feira, 29, traz mapeamento de ações e iniciativas propostas por 280 especialistas de 60 munícipios para enfrentar a crise hídrica; Aliança é coalizão da sociedade civil que pretende contribuir com a construção de segurança hídrica no estado.
São Paulo vive a maior crise hídrica de sua história. Mais de 60 municípios enfrentam a falta de água e o racionamento já atinge milhões de pessoas. Reservatórios e rios encontram-se em níveis críticos nas bacias dos rios Tietê e Piracicaba e as previsões climáticas para os próximos meses não são animadoras.
A crise da água no Estado de São Paulo pode ser atribuída a um conjunto de fatores: a) ênfase dos governos na retirada de mais água de rios e manancias, e não no uso racional do recurso; b) desmatamento nas áreas de mananciais e poluição das fontes de água em quase todo o estado; c) seca extrema, em especial no Sistema Cantareira; d) pouco espaço para participação da sociedade civil e falta de transparência quanto à gestão da água. Tais fatores foram agravados por um outro elemento: a resistência dos governos em tomar medidas mais firmes em um ano eleitoral.
Em setembro de 2014, o Instituto Socioambiental (ISA) deu início ao projeto Água@SP, com o objetivo de mapear atores e propostas que possam contribuir para lidar com a crise da água em São Paulo. O mapeamento foi realizado em parceria com a organização Cidade Democrática e contou com o apoio de 23 instituições, incluindo o Greenpeace e diversas outras ONGs e associações comunitárias.
A pesquisa contou com a adesão de mais de 280 especialistas de 60 municípios, que propuseram 196 ações de curto prazo e 191 de longo prazo. Os resultados, divulgados ontem em evento em São Paulo, serão discutidos com a sociedade nos dois próximos meses para que possam se desdobrar em um conjunto de ações concretas.
Os envolvidos também lançam a Aliança pela Água, uma coalizão de organizações da sociedade civil para contribuir com a construção de segurança hídrica em São Paulo, por meio da coordenação das várias iniciativas já em curso e da potencialização da capacidade da sociedade de debater e executar novas medidas.
A Aliança pela Água propõe um jeito diferente de lidar com a crise: de forma compartilhada, com responsabilidades específicas, baseado no engajamento e no diálogo entre diferentes segmentos da sociedade e de governo. A finalidade é alcançar duas metas e cumprir uma agenda de ações.
A primeira meta é a curto prazo: chegar a abril de 2015 em situação segura para enfrentar mais um período de estiagem.
A segunda, de longo prazo, pretende implantar um novo modelo de gestão da água, que garanta um futuro seguro e sustentável para os moradores de São Paulo (estabilidade social, econômica e ambiental).
Além disso, a Aliança apresenta 10 ações de curto prazo e 10 de médio e longo prazos com recomendações para governo federal, estadual e municípios. Um documento apresentando a Aliança em mais detalhes está disponível aqui.
* Publicado originalmente no site Greenpeace.
(Greenpeace)