haiyan1 300x169 Aliança é criada para ajudar cidades a lidarem com as mudanças climáticas
O tufão Haiyan nas Filipinas causou mais de 6 mil mortes e US$ 14 bilhões em prejuízos. Foto: / Oxfam
Banco Mundial, C40, ONU-Habitat e BID estão entre as organizações que se uniram para facilitar o fluxo financeiro a fim de minimizar os perigos dos eventos climáticos extremos e os riscos associados à rápida urbanização.
O VII Fórum Urbano Mundial, realizado entre cinco e 11 de abril em Medellín, na Colômbia, apresentou alguns resultados positivos na busca global por cidades mais sustentáveis e municípios que integrem melhor os diversos aspectos do desenvolvimento.
Um deles foi a criação de uma nova aliança entre as nove grandes organizações internacionais do mundo, que uniram forças para criar uma maior resiliência urbana e fortalecer o desenvolvimento social, econômico e ambiental dos espaços urbanos. Trata-se da ‘Colaboração Medellín para Resiliência Urbana’.
A colaboração visa facilitar o fluxo de conhecimento e recursos financeiros necessários para ajudar as cidades a se tornarem mais resilientes a prejuízos relacionados às mudanças climáticas, desastres causados por catástrofes naturais e outros riscos e estresses urbanos, incluindo os desafios socioeconômicos associados à rápida urbanização.
Por exemplo, a população urbana mundial aumenta diariamente em cerca 180 mil pessoas, o que significa que, até 2030, aproximadamente cinco bilhões de pessoas, ou 60% da população mundial, viverão em cidades.
Além disso, atualmente cerca de um bilhão de pessoas vivem em assentamentos informais que não possuem acesso adequado a serviços essenciais, como saúde, água limpa e saneamento básico, e vivem em locais expostos a furacões, ciclones, enchentes, terremotos epidemias, crime e outras ameaças criadas pelo homem, incluindo os efeitos das mudanças climáticas.
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O furacão Sandy matou 182 pessoas no Caribe e nos Estados Unidos e resultou em mais de US$ 20 bilhões em perdas econômicas.
Entre as organizações participantes, estão o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), a Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNISDR), o Grupo Banco Mundial, a Unidade Global para Redução e Recuperação de Desastres (GFDRR), Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), a Fundação Rockefeller, o Desafio 100 Cidades Resilientes, o Grupo de Liderança Climática C40, e o Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI).
Juntas, essas organizações abrangem mais de duas mil cidades em todo o mundo, comprometendo mais de US$ 2 bilhões em fundos anualmente para um crescimento e desenvolvimento urbano resiliente e sustentável.
A aliança também mobilizará apoio para a agenda de resiliência urbana pós-2015, incluindo os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, um novo acordo global sobre redução de riscos de desastres que suceda o Marco de Ação de Hyogo e a agenda Habitat III.
“Tem havido uma enorme manifestação de apoio à resiliência urbana nos últimos anos. Essa nova colaboração representa uma consolidação desses esforços à medida que nos preparamos para uma explosão na urbanização no século 21, quando mais espaços urbanos serão criados do que em qualquer momento da história. Mais da metade da população mundial agora vive em áreas urbanas e isso aumentará dramaticamente na próxima geração. Devemos nos preparar para isso”, observou Margareta Wahlström, representante da ONU para redução de riscos de desastres.
“Para o mundo em desenvolvimento, esse será o século da urbanização. Isso cria oportunidades enormes, mas também muitos desafios, incluindo a concentração de populações vulneráveis e o risco de grandes desastres. Através da ‘Colaboração Medellín para Resiliência Urbana’, nós e outros parceiros nos comprometemos a apoiar as cidades com o que elas precisarem para melhorar seu planejamento urbano, investimento e se tornarem mais resilientes”, concordou Francis Ghesquiere, diretor do secretariado da GFDRR.
Uma possível alternativa para esse desafio da resiliência, em especial para os desafios da construção urbana, também foi lançada ao final do Fórum Urbano Mundial: como legado do evento, foi construído no Parque Juanes, onde aconteceu o fórum, um edifício público para apresentar uma técnica construtiva de baixo custo e simples, que utiliza materiais e recursos locais.
A ‘abóbada de arco telha’, assim denominada devido a suas camadas finas de tijolos, foi inaugurada na sexta-feira (11), e é uma técnica econômica, rápida, ecológica, durável e resistente.
Suas características permitem a construção de grandes vão usando materiais locais sem a utilização de aço nas estruturas, o que, além de ser mais simples, reduz os custos na construção, sendo uma opção barata para edifícios comunitários, projetos de drenagem e habitações acessíveis.
A técnica poderia ser usada para suprir a demanda de construção urbana em países em desenvolvimento, pois, além de os materiais serem facilmente acessível, essa construção é altamente eficiente para a drenagem de águas pluviais e a instalações sanitárias, aliviando os desafios de infraestrutura urbana.
Mas infelizmente, nem todo o legado do fórum apresentou resultados positivos. Um estudo divulgado na sexta-feira (11) mostrou que muitos trabalhadores informais que ajudam a desenvolver uma economia mais sustentável não são apoiados por políticas e práticas urbanas.
Um exemplo são os catadores de lixo reciclável. Muitas vezes, os governos se mostram em dúvida se os apoiam ou não, permitindo que realizem seu trabalho em grandes lixões urbanos. A pesquisa cita o caso de Belo Horizonte, em que durante muitos houve uma parceria entre o município e organizações de catadores.
Contudo, posteriormente, os catadores entraram em conflito com a prefeitura devido a planos para um grande projeto de incineração, que ameaçou deixar os catadores sem sua matéria-prima e causar mais poluição.
“O estudo é único em muitas formas. Ele foi feito por pesquisadores locais em cada cidade sob a orientação de um comitê multinacional, multidisciplinar, e envolve uma parceria única entre a Mulheres em Empregos Informais: Globalizando e Organizando, uma rede global de pesquisa políticas para ação, e organizações locais e trabalhadores informais”, afirmou Marty Chen, coordenador internacional da WIEGO.
“As organizações parceiras em cada cidade usarão as descobertas em sua defesa com o governo local”, disse Chen.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)