Universo Energético
Agrossilvicultura, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] A busca por mecanismos de equilíbrio e integração tem se desenvolvido e se incrementado bastante em todas as variantes imagináveis, e não apenas nas variantes agropecuárias alternativas. A agrossilvicultura é um sistema racional e eficiente de uso e ocupação das paisagens.
Neste sistema, árvores são cultivadas sempre em consorciamento com as culturas agrícolas ou as criações de animais. Isto acaba determinando, dentre outras vantagens, a manutenção da fertilidade dos solos, o fornecimento de adubos verdes os sistemas, de forma permanente e o controle de ervas daninhas.
O conjunto propicia uma prática de manejo na qual as culturas são realizadas nas ruas entre as fileiras ou renques plantados, com espécies arbustivas ou arbóreas, geralmente leguminosas. As espécies lenhosas são podadas periodicamente durante as épocas de cultivo.
Desta forma, arranjos agroflorestais ou agrossilviculturais são sistemas de produção consorciados, envolvendo um componente arbóreo e um outro, que pode ser animal ou cultivo agrícola. É buscada a maximização das ações compensatórias, minimizando as competições entre as espécies, buscando determinar a máxima sinergia no sistema natural.
O objetivo geral é buscar conciliar e compatibilizar o aumento de produtividade e a maior rentabilidade econômica, com a conservação e a proteção ambiental, gerando a melhoria da qualidade de vida das populações rurais, e promovendo o desenvolvimento sustentável.
Assim como na agricultura orgânica, todo substrato natural compreende todos os sistemas agrícolas que devem ser concebidos como sistemas. A produção deve ser realizada de modo ambiental, social e economicamente responsável. Com a finalidade de buscar otimizar a qualidade em todos os aspectos da agricultura, do ambiente e da sua interação com a humanidade pelo absoluto respeito à capacidade natural das plantas, animais e constituintes ambientais.
As principais características a serem incorporadas e mantidas na agricultura orgânica, biológica ou ecológica é também a principal diretriz na qual se fundamentam os sistemas agrossilvopastoris. A proteção e manutenção da integridade e fertilidade dos solos enquanto sistemas é o que se almeja. E para isto a manutenção do equilíbrio biológico dos solos é fator decisivo. São os microrganismos presentes nos solos, que realizam todas estas operações.
O controle de doenças, pragas e ervas também se realiza pela rotação de culturas e pela presença de predadores naturais, ou ainda pela diversidade genética e o uso de variedades resistentes. Além de proteção permanente à flora e à fauna do ecossistema local, os sistemas agrossilvopastoris também sofrem estímulos para manutenção de posturas que propiciam bem-estar das espécies animais de criação.
Em todos os procedimentos realizados de agropecuária, se adotam as boas práticas. As atividades extrativistas sempre devem ser harmônicas e sustentáveis. A unidade de produção sempre deve buscar incrementar todos os benefícios sociais resultantes das atividades. Nos sistemas agrossilvopastoris também não se deve perder o foco de que tudo começa e depende da manutenção de vida equilibrada nos solos.
Sistemas foram propostos e desenvolvidos pelo biólogo alemão Ludwig Von Bertallanfy, e tiveram grande influência em todo avanço do conhecimento. Gerando até novas e relevantes ocupações. Sistemas agrossilvopastoris, tem os mesmos atributos de qualquer arranjo similar.
Neste caso, os componentes do sistema são os elementos físicos, biológicos e socioeconômicos que constituem o meio ambiente. Os limites dos sistemas, ou os limiares que definem as bordas consideradas do sistema, são as entradas que no caso são os recursos humanos e materiais, a energia solar responsável pela fotossíntese e os demais insumos de produção. E as saídas que são os alimentos produzidos, as madeiras e produtos animais ou ainda outros produtos.
Nos sistemas ainda ocorrem as interações entre todos os seus componentes, que no caso já foram descritos, e deve ser definida uma hierarquia, que indica a posição deste sistema em relação aos demais sistemas catalogados.
A interação permanente entre o meio físico e os ecossistemas terrestre e aquático precisa ser apropriada através de um enfoque interdisciplinar e abrangente. Os solos representam a expressão mais visível do meio físico e integram a base do conceito de paisagem. Resultam da decomposição dos substratos rochosos através de processos de intemperismo.
A associação destes elementos e o uso das técnicas de sensoriamento remoto e tratamento digital de imagens de satélite, dentro de um contexto multidisciplinar, permitiu a transferência e a evolução de conceitos. Hoje, é disseminada a concepção do conceito de “paisagem” como expressão do agenciamento dinâmico e superficial de todos os conjuntos territoriais. Ou seja, não é mais apenas o solo a face mais visível do meio físico, e sim a paisagem integradora do solo com os demais fatores, a expressão conjunta das interações compreendidas ou ainda difusas.
Este agrupamento, capaz de expressar homogeneidades ou realçar diferenciações físicas espaciais e temporais no meio terrestre, origina a conceituação da expressão “geobiossistema” como unidade territorial, geográfica ou cartográfica de mesma paisagem. Que é definida por características estatísticas do meio natural físico, químico ou biológico, hierarquizadas por um mesmo sistema de relações.
Que sejam bem-vindos os sistemas agrossilvopastoris como integradores de dimensões, que favorecem a permanente busca de equilíbrio ecossistêmico e homeostase planetária. Que são vetores indutores de melhorias da qualidade ambiental e melhoria de qualidade de vida de todas as populações.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
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in EcoDebate, 11/11/2015
"Agrossilvicultura, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, 11/11/2015,http://www.ecodebate.com.br/2015/11/11/agrossilvicultura-artigo-de-roberto-naime/.
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