Aterramento do banhado e construção de lago artificial no Pontal da Barra. Fonte: Dissertação Keli Ruas.
O banhado do Pontal da Barra, junto a Laguna dos Patos e ao canal São Gonçalo, ocupa uma área de tamanho significativo com um ecossistema singular e diverso, abrigando várias espécies da flora fauna do bioma pampa, conforme estudos científicos publicados e em andamento. Além do mais, já foram identificados 18 sítios arqueológicos na área conforme pesquisas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), fatos que tem tem chamado a atenção para a importância ecológica e cultural dessa zona úmida e a necessidade de uma politica ambiental para sua proteção, conforme o Conselho Municipal de Proteção Ambiental (COMPAM) de Pelotas/RS, entre outros colegiados ambientais.
Notadamente, a partir dos anos 90, não sem resistência de ONGs ambientalistas/ecológicas locais e disputas judiciais, tenta-se ocupar a área para fins de um grande empreendimento imobiliário e “turístico”, voltado para a classe média, degradando o banhando e excluindo ocupações de pescadores e outros moradores em condições sócias vulneráveis.
Da luta das ONGs, há quase 25 anos, a disputa pelo cuidado ou pelo desaparecimento do banhado do Pontal da Barra, vem ganhando os meios acadêmicos na forma de pesquisa ou até mesmo com o envolvimento e apoio na proteção do banhado.
Recentemente foram publicados mais dois resultados de pesquisa realizados pela UFSC e pela FURG.
O primeiro, intitulado A ORLA LAGUNAR DE PELOTAS-RS: Conflitos Socioambientais, Atores e Processos, de Keli Siqueira Ruas, é uma dissertação de mestrado, desenvolvida no Programa Pós-Graduação em Geografia, da UFSC, de 2012. Na pesquisa, financiada pelo CNP, Keli “revela como a sociedade pelotense se relaciona com a sua orla lagunar, ou seja, de um lado orientada pelas necessidades e condicionantes socioculturais e econômicas de grupos que usam o espaço para lazer e moradia e, de outro, uma relação orientada pelos interesses capitalistas que incorporaram os balneários Santo Antônio e Valverde, bem como o entorno de suas vias de acesso à (re) produção do espaço geográfico.”
Outra, já mais recente, Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental da FURG, financiada pela CAPES, Gitana Cardoso da Silveira Nebel, denominada CONFLITOS AMBIENTAIS NO PONTAL DA BARRA – PELOTAS/RS – DESDE UMA PERSPECTIVA ETNOGRÁFICA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL, desse ano, e ressalta “a posição dos moradores, vistos em situação de marginalidade, que passaram a representar obstáculos e entraves, tanto para os interesses imobiliários e turísticos na localidade como para uma parcela significativa de ambientalistas que visam à preservação integral da área do Pontal da Barra.”
Imagem aérea da área aterrada e lago artificial construído na região do Pontal da Barra, Pelotas/RS,
para a construção de um hotel. O aterro foi iniciado em 2008 e retomado em meados de 2010.
Fonte: Ministério Público Federal (ACP em 16.02.12) / Dissertação Gitana Nebel.
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