ararinha Do cinema à realidade: o retorno das ararinhas azuis ao Brasil
Foto: Save Brasil/Facebook

Lembra da história das araras Blu e Jade no filme Rio? Na ficção, o macho Blu vem dos Estados Unidos para a capital fluminense, a fim de reproduzir com a fêmea Jade, os únicos restantes da espécie. A vida que imitou a arte e o enredo hollywoodiano está prestes a se tornar realidade.
Após uma década oficialmente extinta no país, está em andamento um audacioso plano para repovoar a Caatinga baiana com ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii). Dois exemplares vindos da Alemanha chegaram ao Brasil na quarta-feira, 26 de fevereiro, com a missão de dar continuidade à espécie, endêmica de uma região próxima ao vale do rio São Francisco.
Para o biólogo Pedro Develey, diretor de conservação da organização não-governamental Save Brasil, o projeto é muito difícil, mas “se der certo vai ser um caso emblemático”. A ONG, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), é responsável pelo projeto, batizado de Ararinha na Natureza.

A espécie não está de todo extinta graças a 80 ararinhas-azuis vivas, mantidas em cativeiro. Dessas, somente cinco estão no Brasil – sendo quatro machos e um em idade avançada. Os exemplares importados são fêmeas e, em breve, devem vir novas aves da Espanha. Com o manejo das aves, a ideia é que, em quatro anos, metade dos exemplares da espécie em condições de se reproduzir esteja no Brasil.
Desafio
Tal qual Blu não conseguia voar na animação norte-americana, as ararinhas-azuis vão precisar de ajuda, caso queiram repovoar a natureza. Criados em cativeiros e sem ter outros animais como referência, essas aves não sabem se defender dos predadores, caçar ou voar livremente na natureza. Para tanto, os próprios biólogos treinarão animais selecionados.
Rio Do cinema à realidade: o retorno das ararinhas azuis ao Brasil
Imagem: divulgação

O problema só não é maior porque, apesar de tudo, o lar da ararinha-azul ainda está em perfeito estado: segundo Develey, o fator que fez a espécie desaparecer não foi a perda de habitat, mas a captura. “Então a gente ainda tem esta chance”, declarou ao portal O Eco.
* Publicado originalmente no site EcoD.