A economia verde foi amplamente discutida ao longo de 2012 por ocasião da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável). Considerando a estimativa de se atingir a população mundial de 9 bilhões de pessoas, em 2050, e que elas devam viver bem, dentro dos limites do planeta, a sustentabilidade indica modelos de negócios baseados em produtos e serviços “verdes” que atendam demandas socioambientais nas cidades, no lazer, entretenimento, esportes, transportes, urbanização, energia e tantas outras dimensões das nossas vidas.
Desde já as empresas podem ofertar a produção ecoeficiente, gerar energias renováveis, reciclar materiais, inovar para mobilidade, construir com sustentabilidade e responsabilidade social outros meios de geração de “lucro admirado”. Considerando apenas a geração de emprego, o PNUMA (Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente) relatou que, até 2008, mais de 2,3 milhões de pessoas foram empregados no setor de baixo carbono em apenas seis países-líderes em empregos verdes (China, Dinamarca, Alemanha, Índia, Espanha e EUA).
Em particular na cadeia de valor do alumínio há soluções efetivas de economia verde, seja pelas características de suas aplicações e alta reciclagem, seja na eficiência energética e no re-uso de resíduos. No campo das aplicações, por exemplo em mobilidade, está demonstrado que o uso do alumínio nos transportes reduz o peso de aviões, carros e caminhões, e aumenta a eficiência de 6% a 10% no uso de combustível, reduzindo emissões. A reciclagem é outro forte atributo do alumínio aplicado em garrafas, carros, materiais de construções, eletrônicos etc., pois se estima que 75% de todo o alumínio produzido nos últimos 120 anos está em uso. Além disso, a reciclagem usa 95% menos energia e produz 95% menos gases que a produção de alumínio primário.
No Brasil, a Alcoa, que este ano completa 125 anos de história como precursora do processo industrial de fabricação do alumínio, tem experimentado casos muito consistentes de ecoefiencia na produção, aliando economicidade com redução de pegada ecológica. Em Poços de Caldas, MG, a fábrica substituiu o óleo combustível por gás natural na geração de energia na refinaria de alumina. Isto permitiu reduzir em 36% a emissão direta de gás carbônico (CO²) em 2011 em comparação com 2005, que é nossa linha de base, e zerou emissões de dióxido de enxofre (SO²). Vale dizer que o gasoduto de 110 Km, em parceria com a GASMIG (Companhia de Gás de Minas Gerais), catalisou outros projetos regionais de acesso ao gás.
Em São Luis (MA) a Aumar transformou resíduos da refinaria (cinzas leves) em insumo para fabricação de cimento, em parceria com outra empresa deste setor e universidades. Como resultados, além de gerar faturamento e reduzir custos de transportes e de áreas de armazenamento de resíduos, reduziram-se: 45 mil toneladas de cinzas da fábrica, emissões de particulados nas áreas internas, emissão de CO² no transporte interno. Para o cliente foram reduzidas 45 mil toneladas no consumo de argila, portanto com ganho em biodiversidade, e suas emissões de CO². Para as universidades se gerou formação diferenciada para estudantes e pesquisadores.
Enfim, a economia verde entendida como uma ferramenta de ecoeficiência e inclusão social, aliando prosperidade ao bem viver e à ética, pode gerar respostas efetivas à crise financeira. Obviamente há muitos desafios a superar, mas, igualmente inúmeras oportunidades.
* Fabio Abdala é Gerente de Sustentabilidade da Alcoa América Latina & Caribe.