Plataforma desenhada no formato de uma arraia manta promete recolher toneladas de plásticos dos oceanos ao mesmo tempo em que gera lucros para o empreendedor que comprar a ideia.
A cada ano, produzimos cerca de 300 milhões de toneladas de plástico e muito disso acaba indo parar nos oceanos, provocando grandes danos ambientais, inclusive matando a vida marinha, que confunde os resíduos com alimento.
Grande parte do lixo é proveniente das cidades, sendo levado pelos fluxos de água e se acumulando em cinco áreas de alta concentração, os chamados ‘giros’ dos oceanos.Para resolver o problema, além de reduzirmos fortemente o uso do plástico, é preciso uma melhoria no gerenciamento global de resíduos. Porém, isto não torna menos necessária a eliminação de todo o lixo que já se encontra nos cinco giros (imagem ao lado) oceânicos.
Até agora, as propostas para ‘limpar’ o plástico nos mares incluem o uso de navios, que gastariam enormes quantidades de combustível e força humana, ou redes que capturariam além do plástico, muitos animais marinhos.
Uma nova ideia surgiu em um trabalho acadêmico do estudante holandês de engenharia Boyan Slat. A proposta, que ainda está na fase investigativa, é: se o plástico se movimenta embalado pelas correntes marinhas, por que não fixar processadores de água no leito oceânico em um determinado ponto onde esses resíduos passam?
O processador, uma plataforma similar a uma arraia manta, teria a forma de um compartimento flutuante, sem redes, o que resultaria na liberação de formas de vida que viessem a cair no ‘filtro’, como o plâncton. Além disso, por ser flutuante, ao contrário das redes, a solução cobriria áreas muito mais amplas e não ficaria no caminho das espécies marinhas.
“Inspirado por meus mergulhos nas Ilhas de Açores, decidi que o melhor formato para a plataforma seria o de uma arraia manta. Ao permitir que as suas ‘asas’ fluam como uma manta, podemos garantir o contato dos ‘braços’ da plataforma com a superfície mesmo nos mares mais agitados”, comentou Slat em sua apresentação no TEDx Delft (veja o vídeo).
Apesar da hipótese não ter sido testada, o projeto prevê que mesmo espécies planctônicas – devido a sua densidade similar a da água do mar – podem se movimentar sob o compartimento junto com o fluxo da água.
As plataformas seriam completamente autônomas, recebendo energia do sol, das correntes e ondas.
Slat enfatiza que com ao renda gerada pela coleta do plástico nos cinco giros, seria possível lucrar mais do que se gastaria para executar o projeto.
A ideia do estudante agora conta com o apoio de um grupo de cerca de 50 engenheiros, modeladores, especialistas e de outros estudantes.
Uma campanha de crowd funding foi lançada visando extrair mais de sete bilhões de quilos de plástico dos oceanos em apenas cinco anos. O custo estimado para provar cientificamente o conceito é de US$ 80 mil.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.