Turbinas em WindWatt Nevis Limited. Foto: Desmond Brown/IPS
Charlestown, São Cristóvão e Nevis, 3/6/2013 – Esta pequena ilha, uma das duas que formam a Federação de São Cristóvão e Nevis, encabeça as iniciativas em matéria de energia limpa e redução de custos na região. Mas Nevis, com 12 mil habitantes, tem dificuldades para promover seu modelo nos demais países insulares.
Esta ilha, de 13 quilômetros de comprimento, lançou em 2010 a primeira fazenda eólica da Organização de Estados do Caribe Oriental, com a promessa de criar emprego local, oferecer uma fonte confiável de energia e eletricidade barata e de reduzir o uso do petróleo importado.
“Creio que o óleo combustível usado pela Companhia Elétrica de Nevis (Nevlec) custa nesta região entre US$ 32 e US$ 33 por quilowatt”, disse Dexter Bowrin, diretor da WindWatt Nevis Limited, à IPS. “Vendemos a energia por menos da metade desse valor, por isso deveria significar um economia considerável para os consumidores”, acrescentou.
A produtora de energia WindWatt Wind Farm é uma empresa de risco compartilhado de empresas canadenses e locais, que começou suas operações em 2010. A companhia assegurou contrato de 25 anos com a estatal Nevlec para produzir e vender energia. Utiliza oito turbinas eólicas para alcançar uma capacidade máxima de 2,2 megawatts, que representam cerca de 20% das necessidades energéticas desta pequena ilha caribenha.
“Gostaríamos de crescer, mas não está aberta a possibilidade. Fomos a várias ilhas, a que fica próximo, São Cristóvão, e até Santa Lucía e San Vicente para vender a ideia, mas não é fácil”, contou Bowrin. “Em Santa Lucía há problemas de espaço. A maior parte das terras é privada. São negociações entre governo e proprietários. Nós apenas fornecemos a tecnologia”, explicou.
É comum pensar que construindo uma fazenda eólica se obtém importantes ganhos, mas “não funciona dessa forma”, ponderou Bowrin, dizendo que na vizinha São Cristóvão, a maior das duas ilhas desta federação, não há nada feito. “Há competidores e não podemos instalar uma fazenda eólica”, detalhou.
A energia eólica não decolou tão rápido no Caribe, embora a maioria dos países da região tenha demonstrado interesse ou investido na alternativa solar. O Suriname anunciou, no começo de maio, investimento em energia solar para levar eletricidade às comunidades mais afastadas. Gunzi, uma aldeia selvagem da zona alta do rio Suriname, será a sede de um projeto-piloto.
A companhia de energias alternativas WTEC, dos Estados Unidos, cuida da execução do projeto junto com o Ministério de Recursos Naturais, a companhia nacional de eletricidade EBS, e a Universidade Anton de Kom, do Suriname. Mais de três quartos da superfície deste país estão cobertos por densa selva, e a maioria dos habitantes do país vive na capital, Paramaribo. Numerosos povoados dispersos e escassamente habitados do interior não estão ligados à rede elétrica da EBS e usam barulhentos geradores movidos a óleo combustível que só funcionam à noite.
O governo abandonou em abril uma proposta para construir uma hidrelétrica no interior do país. O diretor da WTEC, Brian Singh, disse que a energia solar é uma alternativa rentável, pois o Suriname tem muito sol e o preço dos painéis solares cai em todo o mundo, e também anunciou que a empresa doaria uma planta de US$ 75 mil para instalação em Gunzi. Estudantes universitários supervisionarão a iniciativa durante um ano, e as conclusões servirão para aperfeiçoar seu uso e executar projetos em outros povoados.
O coordenador de meio ambiente John Goesdchakl declarou que o governo realiza uma profunda pesquisa para encontrar a conjunção ideal de alternativas para fornecer energia. O critério é a acessibilidade, rentabilidade e menor impacto ambiental. Bowrin disse à IPS que os diretores da WindWatt Nevis Limited também se preocupam com várias questões ambientais, e que antes do início das operações foi feita uma avaliação de impacto para determinar o nível de ruído e outras possíveis consequências.
“Não colocamos apenas turbinas. Deixamos uma pegada ambiental muito pequena. Com as oito turbinas que instalamos, usamos menos de um hectare, e assim temos a flexibilidade e a capacidade de também ter vacas e outros animais de pastagem na área”, acrescentou Bowrin. “Outro assunto importante é que as pessoas costumam dizer que as turbinas machucam ou matam as aves migratórias. Não tivemos essa experiência aqui e não conheço nenhum lugar onde isso tenha acontecido”, afirmou.
Consciente da temporada anual de furacões, que vai de junho a novembro, Bowrin explicou que as turbinas com um sistema de duas folhas são muito pequenas e desligam em apenas 40 minutos. “Vigiamos o clima diariamente, por isso em caso de furacão poderemos desligar as turbinas em duas horas e facilmente voltaremos a religá-las”, ressaltou.
“O governo de Nevis mostrou seu compromisso com o uso de energias renováveis e sustentáveis ao investir de forma contínua na alternativa geotérmica e eólica”, disse à IPS o primeiro-ministro, Vance Amory. “Também agregaremos no futuro não muito longe a energia solar para reduzir nossa dependência dos combustíveis fósseis para a geração elétrica”, acrescentou.
Com sua fazenda eólica e uma série de projetos de painéis solares, bem como outro geotérmico que está previsto, São Cristóvão e Nevis é uma das pioneiras em matéria de energias verdes da região. O projeto geotérmico demorou, mas o primeiro-ministro desta federação, Denzil Douglas, informou que a previsão é contar com eletricidade gerada a partir desta alternativa no prazo de dois anos. Envolverde/IPS
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