Por Hans Rauschmayer* No mês de janeiro, o sol brasileiro mostrou toda sua força, castigando as regiões sul e sudeste com calor. A população se preserva ligando sistemas de ar condicionado, que se tornaram um eletrodoméstico acessível às grandes massas. O Sistema Interligado Nacional, responsável por fornecer nossa energia elétrica, percebe um aumento de consumo – o Operador Nacional do Sistema Elétrico ONS relata novos recordes a cada três ou quatro dias, que têm ocorrido na parte da tarde, entre 14h15 e 15h30.
Com sol em excesso, faltou chuva nas mesmas regiões, sul e sudeste. O nível dos reservatórios caiu a níveis muito baixos, gerando preocupação pelo segundo ano consecutivo. No setor elétrico, a preocupação é medida pelo preço da energia de curto prazo, chamado PLD, que alcançou o teto pela primeira vez. A solução para garantir o suprimento da energia, dentro da matriz energética atual, é ligar termelétricas. Estas, porém, produzem a custos que podem superar R$ 1.000 por MWh, colocando em risco a competitividade da indústria brasileira e comprometendo a modicidade da tarifa, pauta governamental.
Figura 1: Geração mensal de energia solar do sistema instalado na sede da empresa Solarize A solução mais sensata, no entanto, deveria ser outra: aproveitar a energia solar para gerar eletricidade. O sistema instalado na sede da empresa Solarize mostra o potencial: em janeiro, ele gerou 308 kWh, 38% a mais do que a média dos meses anteriores (fig. 1). E ele gera mais energia exatamente no horário de pico da demanda (fig. 2), a um custo muito inferior ao das termelétricas. E ainda sem qualquer poluição atmosférica.
Figura 2: Curva de geração do sistema solar instalado na sede da empresa Solarize no dia 29/01/2014, dia de recorde de demanda no Sistema Integrado Nacional de energia elétrica. Com isso, a energia solar mostra que é o complemento perfeito da energia hídrica. Afinal, ela produz mais quando está chovendo menos. Ela é mais garantida, pois a irradiação varia muito pouco entre um ano e outro. Consegue, portanto, estabilizar a matriz energética, o fator mais importante para a indústria. A (micro) usina pode ainda ser construída no local do consumo, reduzindo a dependência de linhas de transmissão, outro calcanhar de Aquiles do sistema brasileiro.
E o custo da energia solar? A energia mais cara é aquela que falta. Energia hidrelétrica barata é hipotética enquanto não chove. A termelétrica varia conforme o dólar e o petróleo. Solar e eólica são calculáveis, porque não precisam de combustível depois de serem construídas. A solução é um mix de energias e o cálculo do custo deve levar em consideração a segurança no longo prazo.Os argumentos aqui apresentados não são novos. Mas eles agora são comprovados por fatos. É óbvio que um sistema do tamanho daquele instalado na sede da Solarize, com potência de 2kWp, não consegue salvar a matriz energética do Brasil. Aí entra outra vantagem desta tecnologia: ela é a única que permite instalar significativas capacidades em poucos meses, seja em sistemas distribuídos pelos telhados brasileiros, seja em usinas grandes.
O que falta para estabilizar e baratear a matriz energética do Brasil? Repensar conceitos que se mostraram arriscados e incluir uma fonte de energia que está provando seus benefícios. Incentivar geração distribuída de pequeno porte, desonerando, simplificando e financiando a instalação. E promover leilões para usinas de grande porte que permitam o desenvolvimento da cadeia de fornecimento. Em paralelo, é preciso capacitar a grande quantidade de mão de obra necessária para esta transformação.Obs.: os dados do sistema fotovoltaico mencionado estão disponíveis para acesso público online pelo site www.solarize.com.br.
*Hans Rauschmayer é sócio-gerente da Solarize Serviços em Tecnologia Ambiental.
Fonte: Solarize
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