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IPCC reforça influência do homem no aquecimento global

Publicado . em Mudanças Climáticas
Por Fabiano Ávila
“O aquecimento global é inequívoco, a influência humana tem sido sua causa dominante desde a metade do século XX, e as concentrações de gases do efeito estufa, já em níveis nunca vistos nos últimos 800 mil anos, vão persistir por muitos séculos.”
É assim que começa o comunicado das Nações Unidas sobre a publicação da versão final do “Mudanças Climáticas 2013: As bases físicas científicas”, apresentado nesta quinta-feira (30). O conteúdo principal do relatório já havia sido divulgado em setembro do ano passado, mas agora a íntegra do documento está disponível online.
Produzido pelo Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC), entidade vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2007, o relatório contou com 259 autores de 39 países e recebeu mais de 54 mil comentários de outros pesquisadores.
O documento afirma que é extremamente provável que mais da metade do aumento das temperaturas médias na superfície global entre 1951 a 2010 tenha sido causada pela maior concentração de gases do efeito estufa na atmosfera resultante das atividades humanas.
“A influência humana foi detectada no aquecimento da atmosfera e do oceano, em mudanças no ciclo da água, na redução de neve e gelo, no aumento do nível dos oceanos e em transformações nos extremos climáticos”, destaca o relatório.
Os cientistas apontam que é provável que o planeta se aqueça pelo menos 1,5°C até o fim deste século, sendo que a elevação de temperaturas desde a Revolução Industrial até hoje teria sido de 0,8°C. Eles também alertam que, na maioria dos cenários, é provável que o aquecimento global ultrapasse os 2°C, resultando em eventos climáticos extremos mais intensos e frequentes.
É considerado altamente provável que nos próximos 100 anos o nível dos oceanos suba entre 26 cm a 82 cm, causando impactos para cerca de 70% das regiões costeiras do planeta. A elevação entre 1900 e 2012 foi de 19 cm.
A crescente acidificação também é um problema que tende a se agravar, sendo que, desde o início da Era Industrial, o pH da superfície dos oceanos subiu 0,1, com um aumento de 26% na concentração de íons de hidrogênio.
A acidificação é a principal responsável pelo processo de “branqueamento” dos recifes de coral. Sem os corais, todo o ecossistema marinho está em perigo.
Segundo o IPCC, nas últimas duas décadas, a Groelândia e a Antártica perderam massa de gelo, e praticamente todas as geleiras do planeta passaram pelo mesmo processo.
A taxa de derretimento nas geleiras teria sido entre 91 a 361 gigatoneladas ao ano no período entre 1971 a 2009.
Na Groenlândia, é muito provável que a perda de gelo tenha acelerado recentemente, passando de 34 gigatoneladas ao ano entre 1992 a 2001 para 215 gigatoneladas anuais entre 2002 e 2011.
A versão final do relatório consiste de um sumário para legisladores, descrições técnicas divididas em 14 capítulos e seis anexos, incluindo um atlas global e projeções climáticas regionais.
“Com mais de 1.500 páginas e 600 diagramas, o relatório do Grupo de Trabalho I (GT I) fornece uma ampla base científica para as mudanças climáticas, citando mais de nove mil publicações científicas”, explica Thomas Stocker, co-presidente do GT I.
O IPCC é dividido em três Grupos de Trabalho (GTs) e uma Força-Tarefa. O GT I é responsável pela “Base Científica da Mudança Climática”, o II lida com “Impactos da Mudança Climática, Adaptação e Vulnerabilidade” e o III está a cargo de explicar a “Mitigação da Mudança Climática”. A Força-Tarefa busca melhorar as metodologias para o cálculo e divulgação das emissões nacionais de gases do efeito estufa.
A previsão é de que o GT II apresentará seu relatório em março de 2014, e o GT III, em abril.
O grande documento síntese de todos esses trabalhos será a Quinta Avaliação do IPCC (IPCC Fifth Assessment Report – AR5), que deve ser divulgada durante a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas no final deste ano em Lima, no Peru (COP 20).

Fonte: Mercado Ético / Instituto CarbonoBrasil.




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