Da France PresseUm dos desafios da próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP20), prevista para dezembro em Lima, no Peru, será criar as bases para um novo acordo sobre o tema em 2015, que deverá ter resultados por volta de meados do século, disse Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção-quadro sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas.
A costa-riquenha destacou que os efeitos de um novo acordo "poderiam ser vistos a partir de 2050, mas para poder chegar a isto, temos que começar a dar os passos agora".
A vigésima Conferência das Partes (COP20) convocará no Peru representantes de 194 países que tentarão costurar o novo pacto para reverter os efeitos da industrialização sobre o clima.
"A estrutura e execução do acordo que deve ser alcançado em 2015, em Paris (COP21, em dezembro) será um dos assuntos que exigirão maior atenção" na cúpula limenha, disse Figueres.
"Este acordo tem que ter certo grau de maturação e clareza aqui em Lima para, depois, determinar como os países vão participar no esforço global de fazer frente às mudanças climáticas", afirmou.
Figueres coordenou três dias de reuniões em Lima –com presenças do ministro peruano do Meio Ambiente, Manuel Pulgar Vidal, e do presidente, Ollanta Humala– para revisar os temas que estão sob negociação e ver como avançar nos assuntos que serão abordados na cúpula, em 4 de dezembro.
FUNDO VERDEA funcionária disse ser importante evocar "o tema do financiamento dos países industrializados aos países em desenvolvimento, dotando-os de 100 bilhões de dólares por ano a partir de 2020 para que possam realizar as mudanças necessárias em seus sistemas de produção".
Para isso, segundo Figueres, será preciso, a partir deste ano, começar a capitalizar o chamado Fundo Verde do Clima.
Além disso, a funcionária destacou que os países devem começar a tomar medidas até 2020 –quando está previsto que o novo acordo sobre mudanças climáticas entre em vigor–, o que implica, entre outras, modificar suas práticas agrícolas, sua infraestrutura e sua geração de eletricidade.
"Nos próximos anos se alcançará um pico máximo global nas emissões (de gases de efeito estufa) e a partir de 2020 a tendência deveria começar a ser revertida para baixo para poder chegar à segunda metade do século em um nível que a ciência estabelece como o único seguro para a humanidade e o planeta", antecipou. "Um nível de emissões zero líquido, isto é, com neutralidade de carbono: emitir tanto quanto estamos absorvendo", enfatizou.
ENERGIAO dióxido de carbono (CO
2 ou gás carbônico) é o principal gás de efeito estufa produzido pelas atividades humanas (76% das emissões). Os outros gases são o metano (16%), o óxido nitroso (6%) e os gases fluorados (2%), segundo cifras da ONU.
O setor energético é o maior emissor de gases de efeito estufa (35%), seguido da agricultura e da silvicultura (24%), da indústria (21%), dos transportes (14%) e da construção (6%).
As mudanças climáticas geram, entre outros efeitos extremos, secas e inundações, o derretimento de glaciares que são reservas de água potável, e o aumento do nível dos mares, provocando um processo de salinização de áreas costeiras e ameaçando muitas ilhas no mundo.
Fonte: Folha de São Paulo.
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