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Refugiados equivalem à população japonesa
Famílias palestinas que perderam suas casas nos bombardeios israelenses contra Gaza se refugiam em uma escola da ONU. Foto: Khaled Alashqar/IPS
O presidente da Assembleia Geral da ONU, o dinamarquês Mogens Lykketoft, explicou que há 20 milhões de refugiados fora de seus países, 40 milhões de pessoas deslocadas em zonas de guerra dentro de seus países, e outros 65 milhões que precisam de ajuda temporária para sobreviver devido à inanição relacionada com o clima.
Por Thalif Deen, da IPS –
Nações Unidas, 19/2/2016 – Em seus últimos dez meses como secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon poderia estar travando uma batalha perdida para resolver um dos maiores problemas que o fórum mundial enfrenta: a ajuda humanitária imediata necessária para atender 125 milhões de pessoas em todo o planeta. Para dar um número a essa perspectiva, enorme inclusive para o que a ONU está habituada, Ban afirmou que, se esses 125 milhões de pessoas integrassem um único país, este seria o décimo-primeiro maior do mundo, junto com o Japão.
“Os números são insustentáveis e os custos humanos intoleráveis”, denunciou Ban no dia 5 deste mês. Se conseguir encontrar uma solução para a crise, esta será uma parte integral do legado de Ban ao final de seu período de dez anos à frente da ONU, em dezembro. Se falhar, seu sucessor, ou sucessora, herdará o problema quando assumir o cargo em janeiro.
O presidente da Assembleia Geral da ONU, o dinamarquês Mogens Lykketoft, explicou que há 20 milhões de refugiados fora de seus países, 40 milhões de pessoas deslocadas em zonas de guerra dentro de seus países, e outros 65 milhões que precisam de ajuda temporária para sobreviver devido à inanição relacionada com o clima.“Na ONU nós tentamos sensibilizar e despertar consciência. A ONU necessita de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões anuais para apoiar essas pessoas. É muito dinheiro? Sim, mas é menos do que US$ 1 mil de cada US$ 4 mil da renda nacional em todo o mundo”, destacou.
Em sua solicitação de fundos, Ban pontuou que o produto interno bruto do planeta supera os US$ 8 trilhões, e que o valor das instituições financeiras do mundo equivale a mais de US$ 200 trilhões. “Assim, US$ 20 bilhões não deveria ser um grande problema, desde que haja vontade – vontade política”, afirmou.O secretário-geral também mencionou os mais de US$ 10 bilhões arrecadados em uma conferência de doadores realizada em Londres no dia 4 deste mês, principalmente como ajuda humanitária para os refugiados da guerra civil na Síria, que em março completará cinco anos.
Em seus nove anos no cargo, Ban não testemunhou uma mobilização que superasse os US$ 10 bilhões em um dia por uma única causa, assegurou em referência à Síria. “Isto é algo do qual devemos nos orgulhar. O mundo é colocado à prova”, ressaltou, qualificando as promessas de fundos como sinal de “grande solidariedade, liderança e visão”.Na reunião de Londres, Ban recordou sua infância na Coreia, quando era um refugiado que dependia da ajuda das agências da ONU para sobreviver.
“Eu mesmo fui uma pessoa deslocada. Alguns de vocês talvez tenham lido a história da minha vida. Nasci na Coreia pouco antes do final da segunda guerra mundial. Quando completei seis anos, estourou a guerra da Coreia, em 1950. Tive que fugir de casa com meus pais, sem saber para onde ir. A vida era infeliz, terrível, mas um menino pequeno não podia sentir-se de maneira tão séria e terrível como poderiam estar sentindo meus pais”, apontou.
Ban contou que ele e sua família sobreviveram com alimentos e remédios fornecidos pela ONU, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, além de leite em pó, brinquedos, livros de texto e demais formas de assistência humanitária. O mais importante foi que a ONU “nos deu segurança”, pois pela primeira vez exerceu sua autoridade para manter a paz e a segurança internacionais, ressaltou.
O Conselho de Segurança demonstrou sua unidade naquele momento e adotou uma resolução para criar o Comando das Nações Unidas, disse o secretário-geral.“Sem a ONU, eu não poderia estar na frente de vocês hoje. Penso em tudo o que aconteceu a mim e aos meus pais, ao meu avô, só fui capaz de sobreviver pela ONU, com a ajuda da ONU. E agora estou de pé como secretário-geral”, concluiu. Envolverde/IPS
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